quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Phoenix

"Renascer é como voltar a viver depois de um tempo morto"
Essa frase, a qual não tenho a mínima ideia de onde surgiu, me fez refletir sobre alguns acontecimentos. Algumas coisas que claramente eu sabia que não iam vingar: outras eu estou me surpreendendo, estão indo pro lado certo. Verdade, eu entendo a coisa na medida da limitação do ser errante. Mas acho que no sentido visionário literal, vou o expandindo a cada mazela vital minha.
Eu estava observando meus alunos jogando bola na terça. Pareciam felizes, imortais. A dúvida era se o Pingueira iria jogar no time do Chulinha ou no do Edivaldo. E o Emerson, pequeno, mas gigante em algumas questões. Me perguntou o porque de estar observando com tanto empenho aquilo que para ele era mais que trivial. E o Geovane, que com sua sabedoria, me perguntou se a minha cara era de tristeza ou de fome. Acho que os dois, naquele momento. Estamos no fim do ano e eu me despedindo não podia deixar de notar o quão eu me aproximei desses guris. Os do Matutino também, com as histórias de vida intrigantes, dos namoricos que eles e elas comentavam. Da visceral juventude alada. Então resolvi apreciar aqueles momentos eternos enquanto eu me criticava e me chateava por ter sido tão mortal. Tão precipitado. Mas não vi saída, arrisquei e paguei o preço. Nem foi tão caro, mas me encheu o inventário. Estou rico de decepções e pobre de percepções antecipadas.
Claro, se a vida é realmente uma roda, eu girei e to numa corda meio que menor que o raio. Em português: Tô me retraindo, fugindo das pessoas, das brigas, dos novos descobrimentos. Tô, mais uma vez, fora da jogada, o jogo acabou tão rápido que eu preferi nem reclamar. Não me entreguei ao chilique, só ao balanço. Agora eu realmente volto ao lugar de onde vim, da solidão áspera e figurativa. Mas tão física que me retira 10 bons anos da minha face. Nem tenho mais face, sou um retrato maltratado. Um farrapo humano, vivendo de expectativas esmigalhadas. Toco numa banda, estou sendo reconhecido. Mas não alucina nem me satisfaz. Vou atrás do inesperado com passagem só de ida. Quero nem pensar nesses últimos meses, onde imperou a cegueira total sobre algo que nunca eu deveria saber nem viver. Dúvida em chamar quem compor a linha. Linha do Equador e dos trópicos do meu novo mundo. Quem vai me delimitar? Quem? Eu? Imagina. O duo não aparece simultaneamente. Esse que vos fala é um, daqui a pouco o outro volta.
Paciência, coração de merda. Eu falei que tu só ajuda a quem atrapalha. Filantropismo e altruísmo que me separam da lógica inteligente e me colocam no patamar do zero esquerdista. Do zero vim, do zero voltei. Pro zero vou.

Phoenix, renascida da lama, à chama retorna.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Represa

Eu uma vez ouvi falar que o que sentimos é como uma represa. Sempre jorrando e se abastecendo na medida certa. Mas uma certa vez, uma ruptura pequena se fez na represa. Até ai tudo bem, a matemática não nos engana: a vazão era menor que o enchimento. Mas ai foi se fazendo rupturas e mais rupturas até que essa equação mudou. O que deveria ser jorrado aos poucos foi-se. E não dava mais pra abastecer. Ai ficou apenas a represa.
Essa fábula parece grotesca no ponto de vista adulto. Pessoas irão me falar asneiras ou pior, não irão falar nada. Mas é exatamente o que eu penso sobre os sentimentos. Se criarmos rupturas por menor que sejam, elas vão rachando a estrutura e uma hora ou outra, na mesma hora em que a velocidade do avião é tão grande que tem-se duas opções: voar ou bater! Nesta hora a represa vai secar.
Falando em avião, aprendi eternidades sobre a vida de artista, com o grande Maurício Pereira em entrevista com o Paulinho Moska. Acho que o que ele falou tem todo sentido: fazer a arte (no caso, música) pro homem comum. Como se fosse um diálogo não um monólogo. Um chop no bar e uma conversa despreocupada falando sobre a vida. As palavras nem sempre alcançam o que queríamos dizer. Então tudo ao redor pode se encarregar disso...

Texto ficou pequeno então por não ter nada a dizer.