terça-feira, 28 de abril de 2015

Provocações

Hoje, quando acordei me pareceu tudo na trivialidade de sempre. Quando abuso do termo, é que esses dias vem sendo tão repetitivos quanto as horas que os contém. Pois bem, de surpresa fui pego nessa manhã. Passei pelos feeds da rede social azul e vi que um site noticiava algo que eu pensava ser impossível naquela altura. A partida do velho Abujamra. Aquele que sempre fazia das provocações suas provocações.
Meu contato mais profundo com o Abu começou em meados do fim do ano passado. Tá, sempre que eu podia, assistia um ou outro programa. Mais conhecia mais o André, o Abu filho, pelo trabalho no Os Mulheres Negras a qual o grande Maurício Pereira também integra. Comecei a ver alguns programas na internet e achei curioso o que ele sempre perguntava no fim de cada programa: o que é a vida?
Uma das perguntas mais difíceis que nós seres humanos temos em "mente". Podemos defini-la cientificamente, filosoficamente, mas sempre nos preocupamos em saber se realmente isso aqui não é uma brincadeira de mal gosto de algum deus fanfarrão. Ou é simplesmente a coisa mais bonita que existe exclusivamente no nosso planeta em nosso sistema. A vida, pode ser entendida também como a união de processos temporais, espaciais. De processos químicos e físicos. Celulares. Quânticos. Minimizamos até onde não podemos mais enxergar a olho nu e daí estipulamos e estipulamos. Nunca chegamos a velha resposta da velha pergunta desse bruxo.
Um cara que viveu e respirou a arte. Encheu o meu pulmão e de muitos outros de alegria excitação quando declamava algo em suas provocações. Essa palavra fala bem do que a pergunta que ele fazia se trata. Provocar. Fazer com que nós nos situássemos em nosso endereço cósmico. Na nossa casa. No nosso planeta. O que é isso tão raro? Da onde vem isso?
São tantas perguntas que acho que o que realmente provoca não é o tipo, mas sim a própria pergunta em si. Em querer desvendar, achar o desconhecido que nos ronda no espaço-tempo e é em algo tão bonito e magnânimo que é a vida que esse mistério só começa. Que talvez o Abu nem tenha tido a resposta, mas que ele nunca fugiu da pergunta. Isso já é entender de fato o que é viver: não fugir!

"É preciso ter a dor de sentir  que a vida não tem roteiro."

Antônio Abujamra
1933-2015

 

terça-feira, 14 de abril de 2015

Fora no final de semana

Como é engraçado o tempo. 
Eu queria ter escutado o Neil Young antes, lá no ensino médio quando o Marcão, baixista da Macaco Sabiá me dizia que eu deveria ouvir mais essas paradas. Eu tava muito na vibe Los Hermanos para mudar o foco pro Folk (cacofônico). As vezes flertava com o som dos Pampas com o Gessinger, mas expecionalmente respirava o eixo Amarante-Camelo. E só.
Mas hoje eu acordei com aquela vontade de realmente ouvir com atenção o Velho homem. Coloquei um show dele na BBC de Londres, datada de 1971, a qual já tinha assistido em outros momentos. Bem eu empaquei de novo na primeira música. Out on the weekend (fora no final de semana) me fez pensar, a julgar pelo título, que seria algo sobre farra de um final de semana maluco com os amigos. Que nada. Era exatamente o que eu precisava ouvir de novo. Algo como os primeiros versos dizem sobre sair, se mudar e tentar recomeçar de novo. Eu aparento estar num eterno recomeço. Mas é assim mesmo: sempre somos saudosistas de algum lugar antigo. E como se não bastasse, fazemos parte de uma roda, destas irlandesas mesmo, que giram e giram. Não sabemos onde vamos parar. 
Pois bem, o refrão me soou bem peculiar. Acho que não era pra ser outra hora, mesmo achando que o determinístico é coisa pra quem acredita em cartilha pra se aprender a viver:

Veja o rapaz solitário,
Saindo pro fim de semana
Tentando fazer valer a pena
Não se identifica com a alegria,
Ele tenta falar e
E não consegue começar a dizer

Isso sou eu, saindo com os amigos, amigos de amigos. Sem ser notívago, apenas durante as noites, as madrugadas eu deixo pro sono mesmo. E realmente não me identifico com a alegria. Não consigo ser alegre todo tempo. Fico tentando fazer valer a pena. A culpa não é dos acompanhantes, nem dos locais, que não inspiram nada além de celebrar o momento. Apenas não estou pronto pra me desfazer da minha tristeza aparentemente sem motivo, sem sentido ou direção. Não! Não quero dizer que não procuro minha felicidade; apenas não sou desses que procura em um litro de álcool ou uma tragada a felicidade e toda a explosão vital. Sou mais ser triste
E por onde andava aquele menino que um dia sonhou que era possível mudar tudo ao seu redor ?
Esse continua por aí, as vezes sai no final de semana, nunca se adaptando ao meio. Como o tempo é engraçado a ponto de querer que esse menino hoje seja um homem bem sucedido (o que defino pelo termo capitalista). Enfim, tô fora no final de semana, guys.  

O passo do passado

Nunca gostei de começar os textos com esses títulos estilo trovas e prosas, rumos e prumos (kkkkkk). Na verdade eu nem ia escrever hoje, já faz um bom tempo que eu não tenho paciência nem tempo (mentira, tenho os dois, de sobra inclusive). Nesse momento tá rolando Money do Pink Floyd, acho que o Waters e o Gilmour vem sendo pauta das minhas discussões com os meus amigos roqueiros ou não. Simples o fato dessa banda me encantar pela densidade de suas faixas, pelas letras. Pelo progressivo, que é um som legal de se ouvir. Mas não vou falar sobre música e sim sobre algo que eu não imaginaria ver novamente tão cedo (ou nunca).
Bem, em meados de 2004, eu ainda andava na igreja evangélica a qual meus pais frequentam. Eu (adivinhem?) era músico. Tocava violino, tava iniciando ainda. Já falei que não ia falar de música e parou...bem, eu nunca fui um garoto bonito ( e provavelmente não vou ser). De certo me encantava em algumas ocasiões com algumas pecinhas (a la Dalvan, hein!). Aquele amorzinho de puberdade: a menina olha pra você e imediatamente você imagina uma cena de filme americano, com vocês dois passeando de mãos dadas no parque, jogando comida para os pombos (não faça isso, eles são uma organização criminosa alada), andando de bicicleta e etc. Mas ela sempre vai gostar do carinha mais descolado, que é mais velho. Daí você fica triste, acha que a vida acabou. A galera vai jogar bola no massal e tudo acaba em gols, dribles e amigos.
Porém, tinha uma menina. Ela era linda. Loirinha, cabelo castanho, sorriso lindo. Nossa, ela era uma das mais bonitas da igreja, eu ficava besta olhando pra ela. E aí, nessa hora, você desse lado imagina que não vai ter nada entre eu e ela, nem fudendo. Verdade. Pelo menos pra ela. Pra mim, ia acontecer. Num domingo nada ensolarado (na verdade nem sei o clima naquele dia, eu tava pensando em comer o lanche no final do ensaio musical) eis que estou do lado de fora da igreja e quem estava olhando pra mim com o olhar compenetrante de quem vai te engolir? Acertou mais uma vez. A menina, a linda loirinha que eu sonhava. Até aí tudo bem. ela não deu entender nada. só ficou olhando pra mim umas meia hora, sei lá (deve ter sido "que bixo é esse?"). Enfim, fui pra casa e esqueci. Mas na segunda, uma colega minha que era amiga dessa loirinha falou que ela tava afim de mim. Cascalho, eu havia fisgado logo o maior peixe. Disse que no domingo queria me ver.
A ilusão se alimentou a semana toda. Eu fiquei imaginando de novo as bobagens dos filmes americanos estrelados por algum John ou Robert. E o domingo chegou, mas ela não foi pra igreja. Acabou que minha colega disse que ela já tava com outro. Pancada na cara, nocaute do chão de giz do Zé Ramalho mais uma vez. Fiquei abalado, perdi o episódio do Goku fase 3, mas superei.
O que eu pretendia ao escrever essa novelinha? Pois é, nos achados e perdidos do facebook, achei a tal garota, a qual não havia visto jaz dez anos. Ele continua linda, não sei (e nem quero saber, os tempos são outros, amis ) sobre seu estado civil. Só salientei porque acho que o passado veio à tona e eu deveria o expor. Não entendi se o passo do passado é a corrida do futuro. Ou é o presente que me presenteou. De fato, fiquei nostálgico e notívago, duas palavras fodas pra se usar num texto. Que me couberam bem. Espero que não a veja mais, não quero que ela pense que eu (ainda) sou aquele menino bocó. Bocó é tão supimpa pra terminar o texto quanto supimpa. Ela que viva a vida dela, linda loirinha do sorriso lindo. Eu, vou divagando aqui com meus caracteres, minhas notas errôneas e meus acordes pra vida. Voilá, temos um vencedor!