segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O Roteirista

Sabe, ultimamente venho me perguntando se eu seria o culpado de tudo que está acontecendo na minha vida. De bom e de ruim. Como se a vida fosse realmente um longa metragem sempre em processo de gravação. E de uma hora pra outra se torna um curta. Se a vida é um filme temos que no mínimo sermos nossos roteiristas. Será?
Em meio a tantos pensamentos soltos, veio aquele que não me parece tão otimista: o que a vida reserva pra mim? E o que eu reservo pra ela? Não é uma bicondicionalidade mas sim algo que não se conecta. O roteirista de nós mesmos não nos contou como seria desse instante pra frente. Do momento em que decidimos ficar, ou partir. Naquele momento em que tudo parece cinza e do nada clareia. Não nos contou dos intemperismos, dos desencontros. Então não podemos nos preocupar com o que a vida nos reserva, porque acho que nem o próprio roteirista sabe. Alguns o chamam de Destino, tecendo sua teia que nem os deuses do Olimpo podem interferir. Há quem diga que pode mudar esse tal. Pode até ser, mas não o mudamos e sim o adaptamos. Acho que há uma gigantesca diferença nesses dois processos. Pois então, o script já está dado? Algo a se pensar, porquanto a toda hora estamos improvisando em cenas e desviando o curso do rio. Pegamos papéis principais e as vezes nos sentimos coadjuvantes de nós mesmo. Comparecemos as reuniões dos que não tem nada a acrescentar a nós, a não ser nós cegos. A vida é um filme de terror, com romance, com comédia. Trágica, mitológica, espacial. Especial. A dádiva da inocência do Roteirista ao ver que nada do que ele propôs foi cumprido. Revolta com o diretor, que fala que teve que cortar gastos, demitir alguns personagens, mandar alguns pra outros filmes, trocar o cenário. E nos conta que fez isso apenas para deixar o filme com mais emoção, com mais humanidade.
Parece que eu não reconheço bem a diferença entre o Roteirista e o diretor. Dois lados da mesma moeda, dois gumes da mesma espada. Melhor ficar, as vezes como contra regra e sair só observando ou câmera, que filma tudo. Só que não participa e nem tem seus nomes nos créditos. Sendo importantes mesmo assim, nunca estrearam. Sejamos pelo menos figurantes, mas que apareçamos na foto, na lembrança. E se possível ache um papel pra você, ache também alguém que no roteiro aceite participar do seu filme e deixar você participar do dele. Deixe que o vilão encarrega de aparecer, que talvez seja você esse vilão. E então nunca subestime o mocinho

"To fora, se esse é o caminho, se a vida é um filme, eu não conheço o diretor..."

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