sábado, 16 de maio de 2015

E aí meu irmão, cadê você?

Hoje eu decidi ser mais nostálgico do que ando sendo ultimamente. Acho que saudosismo é coisa de velho (risos). Estou virando o maior ancião de todos, portanto.
A história se passa em meados de 2006, 2007  (até 2010 tá valendo). Meu pai trabalhava carregando material pra feira de outras pessoas. Todo domingo, era minha missão (impossível) acordar às 2 da madrugada e abrir e fechar o portão pra ele. Nós eramos os únicos que acordavam (as vezes minha mãe também acordava). Enfim, eu não conseguia mais dormir ou de manhã íamos jogar bola no Massal então pra não perder a hora ficava acordado assistindo os filmes que perambulavam pela madrugada da TV aberta. Numa dessas felizes ocasiões, assisti um filme que tinha o famigerado George Clooney (famigerado foi ótimo) e o John Turturro (esse vocês não conhecem, desculpa!) que se passava no Mississípi (meu Deus, quanto "s"). O filme, em inglês "O ' Brother, where art thou?" tinha o título congruente à esse texto.
O filme tinha um enredo um pouco estranho, com os dois mais o Tim Blake Nelson (esse é que vocês nunca ouviram falar) fugindo de uma prisão em busca de um tesouro escondido pelo Clooney. A aventura começa daí então, deles fugindo e se metendo em encrencas. Na verdade, nessa época não era cinéfilo, assistia muitos filmes mas não sabia nada sobre eles, sobre a produção, etc. Mas eu já arranhava no meu violino algumas canções eruditas. Na verdade além delas e do rock n' roll, não conhecia mais nada (ou não me importava). No início do filme a cena dos trabalhadores prisioneiros cantando uma Work Song (uma das origens do Blues) foi crucial para minha cabeça. Aquilo foi lindo: Não entendia como uma voz poderia ser tão poderosa a ponto de mudar os rumos do que eu iria ouvir hoje. Aquilo (eu não imaginava) era Blues. E a trilha sonora, composta por T-Bone (Walker) Burnett era toda composta de Blues e Country. Cara, um prato cheio. E depois desses anos todos assisti e percebi que os irmãos Coen (aqueles do Inside Llewyn Davis ou Balada de um homem comum) eram os diretores e produtores. Muito legal essas redescobertas.
Bem, essa semana perdemos o grande B.B. King. O cara que uma nota, falava mais que muitos com mil. E deve ter sido essa perda que me trouxe esse saudosismo de emergência. Menos de um mês, Abu e B.B. não é nada fácil. Tomara que quem ler esse texto daqui há uns 30 anos saibam ainda de que estou falando.
Enfim, nada mais. Saudosismo, nostalgia ou qualquer outra palavra pra definir o que eu senti essa tarde de sábado.

Namastê!

sábado, 9 de maio de 2015

Apresso ou Apreço?

Corro. Vou e volto na medida do impossível. Se fosse calcular a velocidade com que ando, pelo tempo e distância, estaria próximo de zero ou de infinito. Pareço muita das vezes andar pra trás. Um amigo uma vez, falando sobre desilusões amorosas, me falou que é necessário em alguns casos andar um passo pra trás pra ir dois pra frente.
Eu já não acredito em bobagens sobre foco, sobre objetivos, sobre criar um mundo de expectativas que na verdade você não vive neles e sim as pessoas que criaram-as. Pessoas querem ser bem sucedidas, querem um emprego, querem uma casa num condomínio de luxo, querem o melhor carro do ano. Querem classificar umas as outras. Nunca pararam pra pensar quem era o adversário a ser combatido. Duvido que ele esteja fora delas próprias, de seus medos, de suas angústias, de suas frustrações. São todos consequências da mesma causa. Do mesmo interior corruptível. Das mazelas espirituais.
Pessoas querem se definir com aquilo que tem. Nada mais definidor que um nome. Eis o meu: Luciano. Será que eu sou o que digo ser? O que eu seria então? Se me perguntassem a pelo menos uns dois meses atrás, diria que sou um desempregado. Ora, vejam só: o estado trabalhista define o estado do ser. Como posso ser medido naquilo que ganho? Ou se outro disser: Sou bonito fisicamente falando! Mas será que este é o verdadeiro?
São apenas perguntas, acalmem-se. Não quero minimizar ou maximizar nenhuma instituição ou pensamento filosófico sobre tal. Apenas me questiono pois acho meu dever de ser pensante questionar sobre aquilo que não sei, sobre aquilo que sei e sobre aquilo que talvez nunca venha saber. O preço é alto. Ostracismo é apenas uma das parcelas da dívida que você paga por querer saber o que você é. De que somos falta de um excesso. De um exagero. De que nossa essência se perde cada vez que cogitamos "ter em ser". Devo me apressar em responder todas as perguntas ou apenas apreçar? Apreciar o momento, quantificar o sabor de ter isto: O filos de Aristóteles. Amar em reconciliação. Em apreço pelo o agora e não pelo o que não tenho.
Estou sendo esotérico? Talvez. Meus textos são sempre esotéricos. Acho que eu sou esotérico. Muitas vezes uso palavras repetidas por não saber seu significado. As vezes sei, porque elas me parecem tão bonitas pra se repetir numa frase ou texto.

Apresso e Apreço. Tico-Tico, Teco-Teco (amarelo em chamas!). Devo colar o sorriso em chiste e morrer nos braços do meu mal-feitor: tempo! Facécia !