sábado, 9 de maio de 2015

Apresso ou Apreço?

Corro. Vou e volto na medida do impossível. Se fosse calcular a velocidade com que ando, pelo tempo e distância, estaria próximo de zero ou de infinito. Pareço muita das vezes andar pra trás. Um amigo uma vez, falando sobre desilusões amorosas, me falou que é necessário em alguns casos andar um passo pra trás pra ir dois pra frente.
Eu já não acredito em bobagens sobre foco, sobre objetivos, sobre criar um mundo de expectativas que na verdade você não vive neles e sim as pessoas que criaram-as. Pessoas querem ser bem sucedidas, querem um emprego, querem uma casa num condomínio de luxo, querem o melhor carro do ano. Querem classificar umas as outras. Nunca pararam pra pensar quem era o adversário a ser combatido. Duvido que ele esteja fora delas próprias, de seus medos, de suas angústias, de suas frustrações. São todos consequências da mesma causa. Do mesmo interior corruptível. Das mazelas espirituais.
Pessoas querem se definir com aquilo que tem. Nada mais definidor que um nome. Eis o meu: Luciano. Será que eu sou o que digo ser? O que eu seria então? Se me perguntassem a pelo menos uns dois meses atrás, diria que sou um desempregado. Ora, vejam só: o estado trabalhista define o estado do ser. Como posso ser medido naquilo que ganho? Ou se outro disser: Sou bonito fisicamente falando! Mas será que este é o verdadeiro?
São apenas perguntas, acalmem-se. Não quero minimizar ou maximizar nenhuma instituição ou pensamento filosófico sobre tal. Apenas me questiono pois acho meu dever de ser pensante questionar sobre aquilo que não sei, sobre aquilo que sei e sobre aquilo que talvez nunca venha saber. O preço é alto. Ostracismo é apenas uma das parcelas da dívida que você paga por querer saber o que você é. De que somos falta de um excesso. De um exagero. De que nossa essência se perde cada vez que cogitamos "ter em ser". Devo me apressar em responder todas as perguntas ou apenas apreçar? Apreciar o momento, quantificar o sabor de ter isto: O filos de Aristóteles. Amar em reconciliação. Em apreço pelo o agora e não pelo o que não tenho.
Estou sendo esotérico? Talvez. Meus textos são sempre esotéricos. Acho que eu sou esotérico. Muitas vezes uso palavras repetidas por não saber seu significado. As vezes sei, porque elas me parecem tão bonitas pra se repetir numa frase ou texto.

Apresso e Apreço. Tico-Tico, Teco-Teco (amarelo em chamas!). Devo colar o sorriso em chiste e morrer nos braços do meu mal-feitor: tempo! Facécia !

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