domingo, 26 de janeiro de 2014

Repertório

"Hoje o dia promete". Frase estranha. Nunca entendi porque o dia promete. Essas coisas de dar significado as coisas (pultz!). Mas quem a enunciou certamente sabia o que queria dizer. De fato, muitas coisas podem acontecer num dia. Tipo nada. Ou tudo. Depende do que se espera.

Hoje eu fui à casa da minha avó. Legal, né? A maioria das vezes não, fico sem fazer nada, só vendo TV ou na internet. É uma réplica da minha casa, só que sem as minhas coisas, sem meus violões ou guitarra, ou teclado (ah, já tá bom!). Pessoal todo reunido lá, uma festança só. Mas eu tenho repúdio de multidões então foi mais uma vez ruim pra mim. Se tudo que eu precisasse estivesse no meu quarto, não sairia dele pra nada. (típico do repugnante termo "NERD").

O que me faz ter medo das multidões? Conflitos ideológicos, choque de medos. Na verdade é bem mais do que isso, é da não-naturalidade das pessoas. Encontram-se e fingem como se uma gostasse plenamente da outra, que todas as burradas serão apagadas numa banquete dominical (estou muito Dostoiévski). Mas deixamos essas amarguradas de lado, pessoas me assustam. E eu também as assusto, não pela aparência (sou feio mas sou sociável) mas sim pelo meu modo de pensar "revestrés". E então sou excluído, o que as tias e os tios chamam de "sofrendo de amor" e eu denomino como "crises alternas de existencialismo medíocres"

E então criei o repertório de frases como "tá indo" ou "talvez dê certo". Um escudo meio que espartano por fora mas sensível por dentro. As frases não-ditas são as que na maioria das vezes gritam no silêncio (porra, frase linda!). Ainda tenho medo do estrago que as pessoas causam, mas vou sobrevivendo. Vou construindo cada dia mais um repertório protetor para não me entregar ao marasmo do "Como vai?" (bem complexo esse texto, Dostoiévski + Schopenhauer + Levi-Strauss, [Risos]). Nem tá tão complexo assim, vai.

Ps: Encontrei "O cortiço" de Aluísio Azevedo, vou ler em breve...  

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